quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

descanse em paz, meu avô querido.





A Morte não é Nada
" Santo Agostinho "

"A morte não é nada. 
Eu somente passei 
para o outro lado do Caminho.

Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês,
eu continuarei sendo.

Me dêem o nome
que vocês sempre me deram,
falem comigo
como vocês sempre fizeram.

Vocês continuam vivendo
no mundo das criaturas,
eu estou vivendo
no mundo do Criador.

Não utilizem um tom solene
ou triste, continuem a rir
daquilo que nos fazia rir juntos.

Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.

Que meu nome seja pronunciado
como sempre foi,
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
ou tristeza.

A vida significa tudo
o que ela sempre significou,
o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora
de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora
de suas vistas?

Eu não estou longe,
apenas estou
do outro lado do Caminho...

Você que aí ficou, siga em frente,
a vida continua, linda e bela
como sempre foi."

sábado, 18 de fevereiro de 2012



"Amor não se pede, é uma pena.

É uma pena correr com pulinhos enganados de felicidade e levar uma rasteira. É uma pena ter o coração inchado de amar sozinha, olhos inchados de amar sozinha. Um semblante altista de quem constrói sozinho sonhos. Mas você não pode, não, eu sei que dá vontade, mas não dá pra ligar pro desgraçado e dizer: ei, tô sofrendo aqui, vamos parar com essa estupidez de não me amar e vir logo resolver meu problema? Mas amor, minha querida, não se pede, dá raiva, eu sei. Raiva dele ter tirado o gosto do mousse de chocolate que você amava tanto. Raiva dele fazer você comer cinco mousses de chocolate seguidos pra ver se, em algum momento, o gosto volta. Raiva dele ter tirado as cores bonitas do mundo, a felicidade imensa em ver crianças sorrindo, a graça na bobeira de um cachorro querendo brincar. Ele roubou sua leveza mas, por alguma razão, você está vazia. Mas não dá, nem de brincadeira, pra você ligar pro cara e dizer: ei, a vida é curta pra sofrer, volta, volta, volta. Porque amor, meu amor, não se pede, é triste, eu sei bem. É triste ver o Sol e não vê-lo se irritar porque seus olhos são claros demais, são tristes as manhãs que prometem mais um dia sem ele, são tristes as noites que cumprem a promessa. É triste respirar sem sentir aquele cheiro que invade e você não olha de lado, aquele cheiro que acalma a busca. É triste amar tanto e tanto amor não ter proveito. Tanto amor querendo fazer alguém feliz. Tanto amor querendo escrever uma história, mas só escrevendo este texto amargurado. É triste saber que falta alguma coisa e saber que não dá pra comprar, substituir, esquecer,implorar. É triste lembrar como eu ria com ele. Mas amor, você sabe, amor não se pede. Amor se declara: sabe de uma coisa? Ele sabe, ele sabe."

- Tati Bernardi

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

home, sweet home.



Pela primeira vez eu senti aquela vontade enorme de voltar.
Precisava de um tempo pra descansar, mas parece que se passaram eternidades. Não agüento mais.
Passar duas horas no lugar onde eu deveria estar foi magnífico ou, como diríamos em momentos extravagantes: esplendoroso. Sinto falta de tudo, absolutamente tudo. Das caminhadas matinais, do cansaço rotineiro, das risadas, da correria, do tédio, da falta de tempo, da ansiedade, do desespero, do medo, da confiança.
Pela primeira vez eu senti saudade de algo que eu sempre quis que se fosse logo. Parece estranho, e é, mas me senti vazia demais em casa. Na verdade, sinto.
Mas estarei de volta mais ou cedo ou mais tarde, vivendo aquela deliciosa rotina cansativa, desgastante, necessária, e feliz.
Sinceramente, saber que é meu último ano me deixa feliz e extremamente triste. Será mais uma barreira ultrapassada, mais um sonho realizado e mais um objetivo alcançado. Ao mesmo tempo será o sentimento de saudade invadindo meu peito e minha mente de uma vez por todas. Não me leve a mal, não sentirei saudades de todas as pessoas, claro que há algumas que sempre estiveram e sempre estarão comigo, mas o que mais vai me fazer falta é o lugar.
O que passei ali não volta, só prossegue em lembranças, algumas dessas que serão esquecidas com a velhice mesmo que eu faço tudo para impedir. Outras serão perdidas ao longo da estrada, e algumas –ainda bem- foram gravadas para sempre.
O lugar me traz paz, sossego, tranqüilidade, amor, raiva, tédio, orgulho, felicidade. E acho que é essa mistura que o faz um lugar especial demais para ser abandonado, pelo menos pra mim.
Muito obrigada, por proporcionar os melhores 3 anos que alguém pode ter, quer dizer, pelo menos pra mim.

- Ana Luíza Marcondes

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

simpatias da virada



E aqui estou, mais uma vez me entregando aos clichês de todos os anos. Um texto sobre o ano que passou e as esperanças para o novo parece bem imprevisível, não?
Sinceramente não acredito em cores para a virada, pular 7 ondas, comer o que quer que seja ou qualquer coisa do tipo. Prefiro acreditar que cada ano é o que é pela sua sorte e pelo seu destino, pelas suas escolhas, pelos seus erros, pelos seus objetivos e sonhos.
2011 não foi completo pra mim, e eu sei que nenhum ano será, mas também não chegou a ponto de dizer “chega, quero que esse ano acabe logo.”. Foi um ano devidamente razoável, e o mais importante foi que eu realmente, de uma vez por todas, descobri com quem eu posso contar até os fins dos meus dias. Chorei, sorri, dancei, bebi, engoli lagrimas, sorrisos, causas e conseqüências.
Espero que 2012 me dê forças pra lutar, porque realmente será necessário. Desejo ver meu nome na lista de aprovados de uma universidade pública, desejo me formar, desejo escrever mais e sorrir muito mais. Quero mais cafunés, abraços e menos distâncias.
Quero um 2012 menos hipócrita que 2011, mais sincero, mais musical, mais sentimental. Não vou pedir amores porque eles não vêm tão fácil assim, e se vierem, pode acreditar que serão apenas paixões. Que o amor decida quando quer vir (mas que venha)!
Gostaria de fechar esse texto que mais parece uma retrospectiva ou uma fonte de desejos com uma frass que eu escrevi no meu texto sobre como foi 2010 e os pedidos para 2011 (não sou nem um pouco clichê):
Nunca vai ser o suficiente, a vida é uma constante mudança, um constante acréscimo, uma constante névoa de “quero mais”.
Feliz ano novo.

- Ana Luíza de Souza Marcondes

domingo, 25 de dezembro de 2011

desapego



Preciso me distrair e tirar você da minha cabeça de uma vez por todas. Faz mais de anos que você entrou na minha vida e não posso te culpar por ter saído, só que eu não consigo te libertar sabe? Não é mais questão de querer ter você aqui comigo, é questão de não conseguir te ver lá fora enquanto você poderia estar comigo. Sinceramente, não sinto mais a mesma coisa que sentia antes por você, disso eu tenho certeza. Não sei o que eu estou sentindo, mas não é amor. Sei lá, acho que é mais um sentimento de posse. Sentimento ridículo de posse, diga-se de passagem. Tive você por aqui por um longo tempo, me apeguei demais ao sentimento e a sua pessoa, e agora acho que não consegui soltar.
Já escrevi inúmeros roteiros sobre como me desculpar com você, como tentar acertar tudo ou apenas sobre esclarecer toda essa situação que me constrange toda a vez que a gente se encontra. Não posso dizer que me faltaram oportunidades, porque seria uma mentira descarada. Eu tive várias oportunidades, várias mesmo, chegava em casa depois e ficava com raiva de mim mesma por ter perdido essa oportunidade e pedia à Deus por outra. E essa outra sempre chegava e eu sempre cometia o mesmo erro. Infantil não? Agora eu sei que o que me falta e coragem, e como eu provavelmente vou demorar pra superar isso, preciso me esforças mais ainda pra me distrair e te deixar ir embora de uma vez por todas, ou melhor, me libertar desse sofrimento inútil que foi causado por mim mesma.
Obrigada por tudo, você fez parte da minha vida mesmo que não saiba disso, e eu acho que sempre vou me lembrar de tudo o que você fez por mim, de todos os conselhos, de toda a ajuda e de todos os risos que você me proporcionou. E pode apostar que vou lembrar de tudo isso com muito, muito carinho. Mas por hoje eu só quero te dizer adeus.

- Ana Luíza Marcondes

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

bem-vindo à sociedade onde pensar não é necessário.

estúpida alienação.



É tão ruim quando você percebe que não faz parte de nada nem de ninguém.
É uma sensação estranha descobrir que querendo ou não, você é diferente, pensa diferente e prefere viver diferente de todos que estão ao seu redor. É como se você realmente fosse uma carta fora do baralho, aquele coringa ignorado em algum jogo idiota e infantil. Aquela carta abandonada num canto qualquer da mesa que alguns utilizam como apoio para copos e mais nada.
Quando você percebe que interação é mais difícil do que você imaginava não pelo fato de você não gostar de sair ou conversar, mas sim pelo fato de você odiar conversas sem sentido e sem ideologia você acaba se isolando da sociedade em geral. É melhor ser anti-social do que alienado.
A companhia de um livro ou de musica torna o dia-a-dia muito mais interessante do que uma conversa sobre a nova novela do horário nobre da TV Globo, ou sobre o divórcio da atriz famosa. O barulho das folhas caindo e do vento leve é muito mais audível do que o sonho de consumo que suprirá as futilidades da jovem. Os raios de sol nas mãos são muito mais aconchegantes do que um sofá enorme com todos contando as fofocas da semana.
Às vezes, ser maduro demais pra aturar baboseiras e estupidez é ser anti-social. Sendo assim, eu digo mais uma vez: é melhor ser anti-social do que alienado.
Em pleno século XXI, pensar virou acessório fora de moda.



- Ana Luíza Marcondes